Palmeiras x Corinthians 1945: o jogo vermelho


No dia 13 de outubro de 1945, o estádio do Pacaembu foi palco de um jogo histórico, de inestimável valor para a democracia brasileira. Palmeiras e Corinthians se enfrentaram na disputa por um troféu, a estátua de bronze de uma deusa grega.

A importância do jogo vem também de seus objetivos. Ambos os times abriram mão da renda com o propósito de ajudar a financiar a campanha eleitoral do Partido Comunista do Brasil naquele ano.

O deputado federal, jornalista e escritor Aldo Rebelo, visitando a sala de troféus do Palmeiras encontrou a taça com a seguinte inscrição “Homenagem do Movimento Unificador dos Trabalhadores”. Começou aí uma pesquisa sobre a partida realizada entre Palmeiras e Corinthians, há mais de 70 anos. O resultado do trabalho é o livro “Palmeiras x Corinthians 1945: o jogo vermelho”.

Os bastidores dessa história foram contados no livro. A partir de uma intensa pesquisa, que incluiu arquivos de jornais, universidades, clubes, Federação Paulista de Futebol e entrevistas com ex-dirigentes comunistas, ex-jogadores e familiares de pessoas ligadas ao jogo, Aldo Rebelo lembra a partida e revela os bastidores do que aconteceu no estádio Pacaembu naquele 13 de outubro de 1945.

Hoje, 19/04, às 19h, o deputado estará no Hotel Nacional Inn (av Benedicto Campos, 35 – Jd. do Trevo – Campinas) para a sessão de autógrafos do livro.

Compareça. Não perca essa oportunidade de participar de um bate-papo com Aldo Rebelo e de conhecer um pouco mais sobre a história de Corinthians e Palmeiras.

Fonte: Comunicação – PCdoB

MATÉRIA PUBLICADA NO CORREIO POPULAR

Publicada em 19/4/2010

Caderno C
A história de um ‘jogo vermelho’

/ REAL / Livro sobre partida entre os clubes Palmeiras e Corinthians em 1945 é lançado hoje em Campinas

Bruno Ribeiro
DA AGÊNCIA ANHANGUERA
bruno@rac.com.br

Em 1945, o mundo ainda chorava os mortos da Segunda Guerra. No Brasil, o Estado Novo chegava ao fim. A derrocada da ditadura de Getúlio Vargas lançou às ruas milhares de militantes comunistas, antes proibidos de exercer sua militância ou mesmo revelar sua identidade. No dia 13 de outubro, Palmeiras e Corinthians, dois dos maiores clubes do futebol brasileiro, organizaram uma partida beneficente para arrecadar fundos ao Movimento Unificador dos Trabalhadores, corrente ligada ao Partido Comunista Brasileiro (PCB).

A iniciativa, inédita no futebol, teria ajudado a financiar a primeira campanha política do partido depois de sair da ilegalidade. Apesar do gesto de desprendimento e solidariedade dos clubes, o episódio acabou esquecido pela história. Coube ao deputado federal Aldo Rebelo (PCdoB-SP) resgatar esta história e transformá-la no livro O Jogo Vermelho — Palmeiras x Corinthians — 1945, uma grande crônica que combina jornalismo literário e política. O livro será lançado hoje, no Hotel Nacional Inn, em Campinas. O autor participará da sessão de autógrafos a partir das 19h.

Publicado pela Editora Unesp, O Jogo Vermelho conta a história de uma época em que São Paulo vivia a eclosão do movimento operário, historicamente ligado aos anarquistas e comunistas. Muitos dos jogadores de futebol daquele período eram também operários ou mantinham algum tipo de vínculo com a causa dos trabalhadores. Rebelo, que é jornalista por formação, reconstrói habilmente o embate entre os maiores rivais do futebol paulista. Aos mais velhos, o autor possibilita reviver as jogadas geniais de Junqueira, Waldemar Fiúme, Canhotinho, Domingos e Ruy. O enfoque principal, porém, está nos bastidores.

A narrativa feita em linguagem coloquial, mas elegante, empresta contornos épicos ao clássico. A narrativa, aliás, poderia remeter a um romance de ficção se não fosse intercalada com entrevistas, depoimentos e uma série de anexos que ajudam na imersão do leitor dentro da história. O Jogo Vermelho traz súmulas, recortes de jornais e fotografias dos personagens que ajudaram a organizar e que disputaram a partida. O placar de 3 a 1 favorável ao Palmeiras acabou sendo um detalhe a mais. “Como palmeirense, não pude deixar de ficar satisfeito com a descoberta”, brinca Rebelo.

AGENDE-SE

O quê: O Jogo Vermelho — Lançamento do livro com a presença do autor e deputado federal Aldo Rebelo
Quando: Hoje, às 19h
Onde: Hotel Nacional Inn (Av. Benedicto Campos, 35, Jardim do Trevo)
Quanto: Entrada franca

INSPIRAÇÃO

“O futebol brasileiro é um campo muito pródigo, muito fértil em boas histórias.”

Taça encontrada ao acaso motivou apuração

Para relatar os fatos, autor buscou informações em jornais, fez entrevistas e encontrou até mesmo uma testemunha

Palmeirense fanático, o deputado Aldo Rebelo afirma nutrir pelo futebol uma paixão tão visceral quanto a que demonstra ter pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) — no qual está filiado desde 1977. Para ele, futebol e política são assuntos que podem andar juntos: na Câmara dos Deputados, logo após a derrota do Brasil para a França na Copa do Mundo de 1998, foi presidente da CPI que investigou o contrato entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e a multinacional Nike. Seu perfil nacionalista ficou marcado por propostas como a do Dia Nacional do Saci e pelo fim dos estrangeirismos na língua portuguesa. Aldo falou ao Caderno C sobre o livro.

Caderno C — Consta que o senhor teve a ideia de escrever o livro após uma visita à sala de troféus do Parque Antártica. Como foi isto?

Aldo Rebelo — Realmente, foi uma obra do acaso. Sou alguém que gosta de visitar as salas de troféus dos clubes. Vejo as salas de troféus como bibliotecas. As taças, como os livros, contam uma história. Cada uma daquelas taças, daqueles troféus, carrega uma história e, por trás dela, a história de muitos brasileiros. Nesta visita, uma taça me chamou especialmente a atenção: era uma taça que trazia esculpida uma mulher alada, projetada para a frente como se estivesse se preparando para alçar voo. Havia sido conquistada pelo Palmeiras, num jogo contra o Corinthians, no dia 13 de outubro de 1945. Como achei a taça bonita, diferenciada, me abaixei para ler o que estava escrito nela. Constava a seguinte inscrição: “Homenagem ao Movimento Unificador dos Trabalhadores”.

Esta frase o levou a querer saber mais sobre a partida?

Justamente. Isso porque o Movimento Unificador dos Trabalhadores era uma corrente criada pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB). Durante as pesquisas, descobri que aquele jogo só poderia ter acontecido naquele ano, já que o partido havia acabado de sair da ilegalidade e voltaria para ela pouco depois.

Como foi feita a pesquisa?

Depois da minha derrota para a presidência da Câmara dos Deputados, aproveitei para colher informações em jornais da época e na imprensa partidária. Mas tive que complementar com entrevistas com gente do partido, dos clubes e com quem vivenciou o jogo. Encontrei até uma testemunha ocular: um homem que estava na arquibancada naquele dia.

Qual era o objetivo daquele Palmeiras x Corinthians?

O objetivo era promover um jogo beneficente para arrecadar dinheiro para o Partido Comunista. Descobri que foram arrecadados 115 mil cruzeiros, que foram usados para financiar uma campanha política.

Havia alguma relação entre os clubes e o Partido Comunista?

Até onde sabemos, nenhum dirigente ou jogador dos times era filiado. Mas o partido tinha amigos e simpatizantes nos dois clubes. Além disso, é bom frisar, havia no ar um sentimento de culpa. A sociedade achava que o País tinha uma dívida com os comunistas. Muita gente havia morrido por ser comunista, como a Olga Benário, mulher de Luís Carlos Prestes, enviada para um campo de concentração na Alemanha nazista.

Por que histórias como esta não chegaram ao conhecimento do grande público?

Muitas passagens continuam na obscuridade porque o futebol brasileiro é um campo muito pródigo, muito fértil em boas histórias. Muitas delas não foram devidamente documentadas e se perderam no tempo. E também porque a nossa classe intelectual não está profundamente vinculada ao universo do futebol, que é basicamente o universo das classes populares.

Neste sentido, há uma lacuna literária? O senhor acha que há poucos livros sobre futebol no Brasil?

De fato, a nossa literatura é carente de livros que tratam de futebol. Diante do que o futebol representa para os brasileiros, chega a ser estranho que os escritores não se aventurem a escrever histórias inspiradas nesse universo. Talvez porque nossos intelectuais, como eu já disse, não se sintam muito próximos do povo. (BR/AAN)

BILHETERIA

“Foram arrecadados 115 mil cruzeiros, usados para financiar campanha política”

Fonte: Correio Popular

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