O livro “A Cabana”, de William P. Young publicado pela editora Sextante, é dessas obras em que a leitura não se encerra na última página. Ele continua através de uma intenção maior propagada pelo “Projeto Missy”, para aqueles que se sentiram tocados e querem compartilhar as ideias da publicação e suas experiências pessoais.
“A cabana” naturalmente ocupou o topo da lista de livros mais vendidos no Brasil em 2009 e, desde então, figura entre as publicações mais lidas no país porque traz um enredo ficcional intrinsicamente ligado à espiritualidade.
Ele conta a história de Mack Allen Phillips com foco em sua filha mais nova que “durante uma viagem de fim de semana é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada. Após quatro anos, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o para voltar à cabana onde aconteceu a tragédia. Mesmo desconfiado, ele vai ao local do crime numa tarde de inverno e enfrenta o cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre. As respostas encontradas vão surpreender e podem transformar sua vida de forma tão profunda quanto transformou a de Mack. Você vai querer partilhar este livro com todas as pessoas que ama” (sinopse).
Ao longo do livro Mack é acolhido pela Santíssima Trindade (Deus, Jesus Cristo e o Espírito Santo) – diferente daquela apregoada pela Igreja Católica, porque são seres de carne e osso e não só espíritos – que ajudam-no a reencontrar sua paz de espírito e a fé na vida. E, principalmente, a aceitar melhor os desígnios de divinos. A transformação de Mack se dá através da confiança, paciência, palavras e gestos carinhosos de Papai (Deus).
Apesar da “A cabana” ser um romance que se propõe a lançar luz sobre questões como vida, morte, dor, maldade, santidade, perdão, fé, responsabilidade, reconciliação, graça, independência x livre arbítrio, amor e redenção é preciso ter em mente que se trata de uma obra ficcional, escrita por um teólogo.
Em minha opinião o livro traz um enredo simples, contagiante e próximo das dores humanas, mas peca em alguns diálogos engenhosos, porém enfadonhos que não chegam a lugar nenhum. Sem contar que, responder sobre Deus e a Terra não é tarefa fácil porque nem tudo tem resposta certa ou aparente, já que muitas delas estão em nossos corações revestidas de fé. Entretanto, o livro estimula as discussões que podem ajudar em nossas reflexões sobre o poder de Deus em nossas vidas.
Recomendo a leitura porque “A cabana” é uma boa literatura e reforço que não se trata de um livro verídico, mas baseado em sentimentos e intenções boas reforçadas por uma ideia de autoajuda “humanitária”. A obra é apoiada por infalíveis técnicas de marketing, por leitores fiéis entusiasmados com a ideia – comparados ao conceito marqueteiro de advogados da marca – e pela divulgação estratégica da mídia.
O livro “A cabana” tem 240 páginas e é composto dos seguintes capítulos:
- Prefácio
- Uma influência de caminhos
- A escuridão se aproxima
- O mergulho
- A grande tristeza
- Adivinhe quem vem para jantar
- Aula de voo
- Deus no cais
- Um café da manhã de campeões
- Há muito tempo, num jardim, muito distante
- Andando sobre a água
- Olha o juiz aí, gente
- Na barriga das feras
- Um encontro de corações
- Verbos e outras liberdades
- Um festival de amigos
- Manhã de tristezas
- Escolhas do coração
- Ondulações se espalhando
- Posfácio
- Agradecimentos
Mais de “A cabana” – www.theshackbook.com
Então para complementar minha experiência com este best-seller vou responder as quatro perguntas/recomendações que o livro faz ao fim de sua leitura:
1 – Conte como você se sente com relação ao livro “A cabana”:
Gostei do livro, me emocionei diante de alguns trechos, compartilhei a Grande Tristeza de Mack – porque também perdi alguém que muito amo – e reforcei minhas convicções de que Deus não é aquele velhinho de barba sentado em sua cadeira entalhada olhando para suas “criaturas” imperfeitas e, sim, uma força maior que nos guia e nos protege a todo tempo.
Dentro do contexto em que ele se apresenta – ajudar as pessoas a entendem suas dores – ele deixa a desejar porque traz um conceito muito fraco dos desígnios de Deus e sua relação com o livre arbítrio dos seres humanos. Apesar de tentar ele não consegue responder boa parte das questões que perturbam a humanidade: bem, mal, céu, inferno, Deus, Jesus, Espírito Santo, ideias presentes da religião cristã.
Embora se proponha a responder “Se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar nosso sofrimento?” ele não consegue com a exatidão que os leitores precisam ou buscam. Acredito que esta resposta está dentro de cada um, independente da sua religião.
2 – Leia o Blog do Willie:
Visitei o Blog do Willie, autor do livro, e conheci algumas histórias de pessoas que compartilharam sua dor, sua força interior e fé na vida e outras tantas que reencontraram uma razão de viver através da consagração com Deus. São histórias que expõem as mais variadas crenças.
Além disso, o blog traz informações interessantes sobre o autor, seus projetos e obras literárias e formas de compartilhar as ideias do livro e as histórias dos leitores. O Blog do Willie está em inglês, mas realmente vale uma sua visita.
3 – Conte suas ideias e discuta o livro com outros leitores no Fórum “A cabana”:
Bom sobre isso, caro Willie, ainda não tive tempo porque o Fórum têm centenas de postagens opiniões, ideias e informações que demanda mais aprofundamento. No momento, vou ficar devendo!
4 – Descubra as últimas novidades do Projeto Missy
No site do livro www.theshackbook.com você encontra formas de ajudar a compartilhar as ideias desta obra e ampliar a rede de leitores do livro. É através desta rede de compartilhamento de informações que o livro ganha repercussão e alavanca também suas vendas, sob pretexto de “curar as dores” da humanidade.
Vale dizer que, apesar de se travestir de um projeto que busca ajudar a humanidade a encontrar o caminho da compaixão, do perdão e da fé o livro, sem dúvida, acaba sendo uma grande estratégia de marketing também.
Reafirmo que “A cabana” é um livro interessante que deve ser lido com o coração e mentes abertas, mas com um olhar reflexivo.
Sobre o autor
William Paul Young nasceu no Canadá e foi criado pelos pais missionários numa tribo nas montanhas do que era a Nova Guiné. Anos depois, as mortes do irmão mais novo e de uma jovem sobrinha o deixaram completamente destroçado.
Há um ano e meio atrás, Young, que assina como Willie no livro tinha três empregos. Desde essa altura até agora, a vida do autor deu uma enorme reviravolta.
Atualmente, ele vive com a família, no estado de Oregon, nos EUA.
Young também publicou “A Cabana: reflexões para cada dia do ano” e “Travessia“. E inspirou vários livros de reflexões, pesquisas e complementações sobre “A cabana”, entre eles “Deus e a Cabana”.
Obs.: Esse livro me foi emprestado por um amigo que disse que ao ler pensou em mim e na minha história de perda recente, então deveria lê-lo. De fato, o livro tem requintes apreciados por mim: polêmica, religiosidade, espiritualidade e quebra de conceitos e paradgmas.