Inquietude da vida!


Adoro ler livros que contam histórias reais, vividas por pessoas reais. Nada de ficção ou invenção da mente humana.

Histórias simples ou até mirabolantes, mas que retratem as experiências ou vivências das mais variadas pessoas.

O livro “Uma mente inquieta” de Kay Redfield Jamison fala dos sentidos amorosos, profissionais, pessoais, intelectuais da autora diante de uma doença.

Ninguém se define pela doença ou deficiência que tem, mas sua influência moldam parte do que a pessoa é!

Há tempos, estou para dizer que estava lendo e adorando o livro, mas não consegui. Então, digo que já terminei e, sim, vale uma leitura atenta. Principalmente para aqueles que querem inspiração para enfrentar as dificuldades da vida.

Antes de oferecer a sinopse deste surpreendente livro, prefiro apresentar pequenos trechos, entre tantos, que me fascinaram dentro do contexto do livro.

“Se o amor não é a cura, ele sem dúvida pode atuar como um remédio muito eficaz. Como John Donne escreveu, ele não é tão puro e abstrato quanto se poderia ter imaginado e desejado um dia, mas ele perdura, sim, e cresce.” (pg. 207)

Longe da pieguice do romantismo, o livro fala do amor e da luta pela vida, ou seja, pela “normalidade” da vida. Da luta constante contra uma doença que consome, mas incendeia o ser humano. A luta entre uma vida exuberantemente acelerada e inquietante e uma vida sombria, cinza, entendiamente e responsável. Não pense que é fácil escolher! A autora prova que passear entre esses dois mundos não é nada fácil, nem sereno.

“Nós todos construímos diques para manter a distância as tristezas da vida e as forças muitas vezes avassaladoras que atuam nas nossas mentes. Não importa a maneira pela qual fazemos isso – amor, trabalho, família, fé, amigos, negação, álcool, drogas ou medicamentos – construímos esses diques, pedra por pedra, ao longo da vida inteira. Um dos problemas mais difíceis está em construir essas barreiras com uma altura e uma resistência tais que se tenha um verdadeiro abrigo, um santuário afastado da dor e do tumulto frustrante, e que ele seja permeável o suficiente para permitir a renovação da água do mar que impedirá a inevitável tendência para a água salobra.” (pg. 256)

Outro trecho:

“Eu não acordei um dia e me descobri louca. A vida não é tão simples assim. Em vez disso, fui percebendo aos poucos que minha vida e minha mente estavam atingindo uma velocidade cada vez maior até que afinal, durante meu primeiro verão no corpo docente, as duas me escaparam o controle, girando loucamente. No entanto, a aceleração do pensamento rápido até o caos foi um processo lento e de uma beleza sedutora. No início, tudo parecia perfeitamente normal.” (pg.81)

Você deve estar pensando, mas afinal do que esse livro trata?

Ele fala da gangorra humana que é conviver com a doença maníaco-depressiva (Transtorno Bipolar). A autora diz:

“O transtorno maníaco-depressivo é uma doença que tanto mata quanto dá vida.” (pg.147)

Por um período da minha vida trabalhei num serviço de saúde mental e fiquei fascinada com as oscilações e criatividade das pessoas tratadas no lugar. Sempre que posso leio materiais a respeito porque trazem relatos fantásticos de  superação, amor e aprendizado. Foi um período muito significativo para mim!

“No entanto, a dor é felizmente muito diferente da depressão. Ela é triste,  terrível, mas não deixa de ter sua esperança.” (p.179)

Recomendo essa revigorante leitura!

SINOPSE:

Extraordinário testemunho pessoal de Kay Redfield Jamison, autoridade internacional na doença maníaco-depressiva e uma das poucas mulheres catedráticas em medicina em universidades norte-americanas. É a revelação da sua própria luta, desde a adolescência, com a doença e de como a doença moldou a sua vida.

Com linguagem vigorosa, direta e franca, com humor e simplicidade, ela leva-nos a penetrar no território fascinante e perigoso dessa forma de loucura – um universo no qual um pólo pode ser a terra sombria e sedutora dominada pelo que Byron chamou de “melancólica estrela da imaginação”, e o outro, um deserto de depressão e, com triste frequência, morte.

Kay Jamison sofreu o seu primeiro ataque da doença maníaco-depressiva aos dezessete anos. Neste livro poderemos acompanhar a sua guerra contra a doença durante a faculdade, a pós-graduação, durante um apaixonado caso de amor e o desespero da perda, ao longo de episódios de violência, surtos de loucura e a tentativa de suicídio. Vivenciamos o seu medo de renunciar às animações inebriantes e à sua crença firmemente enraizada de que deveria enfrentar a doença sem medicação – medo que a leva a oferecer resistência ao lítio, a droga que acabaria de salvar a sua vida. Finalmente, ela relata o lento e doloroso controlo da sua doença através do conhecimento, da coragem, da medicação e da autodisciplina.

São memórias comoventes e estimulantes de uma mulher cuja feroz determinação de conhecer o inimigo, de usar os dons do seu intelecto para exercer influência no mundo, a levou a tornar-se antes dos quarenta anos uma autoridade mundial sobre a doença maníaco-depressiva e cujo trabalho ajudou a salvar inúmeras vidas.

Depoimentos:

“Um retrato cativante de um cérebro corajoso que oscila entre alturas exultantes e fossas paralisantes.” James D. Watson, detentor do Prémio Nobel e autor de  The Double Helix

“O livro de Kay Jamison dominou-me desde a primeira página. Uma mente inquieta sobressai na literatura sobre a doença maníaco-depressiva pela sua coragem, brilho e beleza.” Oliver Sacks, autor de Um antropólogo em Marte

“Os leitores deste livro são transportados, onda após onda, pelo poder de contar histórias de uma escritora, pela sua mente lúcida e consciente de si mesma, pela sua corajosa recusa a abraçar a auto-comiseração. Aqui está um sofrimento psiquiátrico tornado acessível, descrito numa prosa vigorosa, carregada, cativante.” Robert Coles, autor de Children of crises: A study of courage and fear


Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.