“Diário de um Magro” é um livro que rondava a minha estante há muito tempo e nunca tive disposição para ler.
“Diário de um Magro” é o nome do livro que esqueci completamente ao responder à minha amiga – negra, jornalista, blogueira e muito politizada – que me perguntou qual obra estava lendo no momento. Já dá para perceber que não considero essa publicação memorável. Justifiquei a escolha pelo tema porque precisava de uma leitura mais leve e engraçada, já que a publicação anterior foi um livro reportagem, bem denso e triste, sobre um matador de aluguel.
“Diário de um Magro” é um diário de bordo que narra os 15 dias do escritor Mario Prata no São Pedro – Spa Médico, localizado em Sorocaba, interior de São Paulo. Acompanhado do jornalista e escritor Fernando Morais – que adoro ler – e o do cartunista Paulo Caruso, o autor promete contar os bastidores do local e os personagens engraçados e inusitados que eles encontraram por lá.
A orelha foi escrita pelo ator Antonio Fagundes que visitou o local e deu início ao interesse de Prata pelo lugar. Lançado em 1997 pela Editora Globo, são 160 páginas divididas em 10 capítulos que foram escritos durante a estadia do de Mario Prata no Spa.
Por que eu decidi ler esse livro? Porque em agosto assisti a entrevista de Mario Prata concedida ao Programa do Jô. Na ocasião, ele estava lançando o livro “Uns Brasileiros” e achei que se tratava de um escritor interessante, engraçado e cheio de coisas para dizer. Mas esse livro, “Diário de um Magro”, não faz jus à fama, nem a ideia que eu tinha dele e de sua obra.
Vamos à sinopse:
Você já foi a um spa, nega? Então, vá.
Mario Prata (depois de Schifaizfavoire, James Lins e Mas será o Benedito?) foi. Foi para descansar, mas acabou trabalhando. Ou se divertindo, como ele mesmo afirma.
O resultado é este livro, um verdadeiro e muito engraçado diário de um magro, rodeado por gordinhos e gordinhas por todos os lados.
Como nos três últimos livros do jornalista e escritor, aqui também o humor rola solto. Você vai se divertir com os personagens que o autor encontrou por lá e com ele mesmo.
Mario Prata e Fernando Morais (que prefacia este livro) foram juntos. Achavam que iam encontrar pessoas chatas e tristes. Ledo engano. Se apaixonaram pela fauna e pela flora do lugar.
Não apenas saíram mais magros e descansados, como passaram catorze dias rindo. Deles e dos outros. Como você vai rir agora, numa sentada só. E conhecer um spa por dentro, no traço de Paulo Caruso.
E não se esqueça: rir emagrece. E faz bem para a cabeça. Como passar uns dias num spa.
Desagrado
De antemão vou dizer que tenho (pré)conceitos com vários estilos literários e que, muitas vezes, são baseados em restrições de leitura que carrego desde quando aprendi a ler. Outro dia escrevo um post mais detalhado sobre os estilos de leitura que não me agradam.
“Diário de um Magro” é o livro que acabei de ler e não me agradou por algumas razões que vou descrever sucintamente:
- Minha colega jornalista tinha razão! Eu, negra, jornalista, blogueira, pobre, militante sindical e do movimento negro não sou o perfil de leitor desta obra: classe média alta ou bem mais abastados, que curtem crônicas sem graça e sem profundidade que falam sobre os problemas da sociedade de consumo de uma maneira que não acrescenta nada à sua vida.
- Definitivamente eu não sou fã de crônicas, salvo as que carregam visão irônica e bem humorada dos acontecimentos ou que apresentam um ponto de vista em relação a uma problemática da sociedade de forma a agregar conteúdo. Acredito que não é o caso deste livro!
- Em alguns trechos achei o texto bem chato e sem graça.
- Ao contrário do prometido, não me arrancou gargalhadas ou risadas, talvez alguns risinhos de canto de boca. Enfim, não foi engraçado. Mas reconheço a intenção e esforço do autor.
- Alguns trechos de música acrescentados em homenagem ao Chico César não fazem o menor sentido para mim.
- A ideia de “mente sã e corpo são” é bem batida.
- Para resumir: a sensibilidade e “bom humor” do texto não foram suficientes para eu gostar e indicar a obra.
Coisa que eu gostei no livro:
- A escrita é fluída e de fácil leitura.
- As ilustrações são bem interessantes.
- As dicas de saúde, apesar de ser senso comum – tipo: a obesidade mórbida é um caso grave de saúde pública e que parar de fumar melhora as condições vasculares e reduz o risco de câncer – ajudam na luta e conscientização de algumas doenças que se agravam com a obesidade. É uma forma leve de tratar de um tema difícil.
- O texto apresenta de forma delicada alguns dos problemas enfrentados pelas pessoas que sofrem com distúrbios alimentares.
- O livro mostra que não há segredo para vencer a balança. Não há uma pílula mágica ou um comprimido para facilitar a vida, a não ser mudar os hábitos alimentares, fazer exercício físico e ter disposição, força de vontade e disciplina. Nada de novo no mundo do fitness.
- Alguns personagens inusitados descritos pelo autor.
Minha “visão” literária
Para finalizar levanto algumas hipóteses que justificam meu (des)gosto pelo livro “Diário de um Magro”. Pode ser que eu seja muito leiga para esse tipo de leitura/crônica, ou que minha crítica esteja muito mordaz porque sou mal humorada, ou que não compreendi a obra porque sou insensível a esse estilo de escrita e humor.
Definitivamente, eu não sou o público alvo dessa obra!
De uma coisa eu tenho certeza, no momento, perdi o “tesão” em ler outras obras do Mario Prata. Peço que seus fãs me perdoem, mas estou sendo sincera com os meus sentimentos e descobertas. Prometo no futuro, distante, ler outro livro para tentar desfazer minha opinião ou me redimir dessa crítica.
A preocupação de ler um livro que não se aprecia é tentar combater o receio de não acertar na escolha da próxima leitura, porque emplacar dois livros seguidos que desagradam é o fim para qualquer amante literário.
Quase me esqueci de dizer, já saiu o “Diário do Magro 2”. No momento, com todo o respeito que o autor merece, eu passo a minha vez!
Informações Técnicas
Título: Diário de um Magro – 1997
Autor: Mario Prata
Número de Páginas: 160 páginas
Editora: Globo
Avaliação: Regular