“Tempo de Reportagem: histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro” é daqueles livros que mexem com a emoção do leitor. Nele você encontra histórias que fazem sorrir, dão esperança, lhe transportam para o tempo descrito e também fazem morrer de rir. É um livro reportagem inspirador desde a primeira página, pelo rigor na apuração, pois percebemos que foi escrito por alguém preocupado com o ser humano.
Redação convidativa, instigante, com toque de humor, detalhada e primorosa é assim que podemos descrever esta obra do jornalista Audálio Dantas, autor de mais de 10 livros, entre eles “As duas guerras de Vlado Herzog”, ganhador do Prêmio Jabuti 2013.
Sua resenha diz que “’Tempo de Reportagem: histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro’ reúne alguns dos melhores trabalhos do brilhante Audálio Dantas. São 13 matérias publicadas entre o final da década de 1950 até meados dos anos de 1970, em revistas como “O Cruzeiro” e “Realidade”, além de um texto especial para a revista Playboy, em 1993. Em textos inéditos, o autor faz uma reflexão sobre os bastidores da apuração dos fatos e sobre os desafios de transformar vida em texto jornalístico – suas escolhas, seus erros, suas dúvidas. Audálio conta, por exemplo, como encontrou Carolina Maria de Jesus na favela paulistana do Canindé e como, ao voltar para a redação, declarou ao chefe que ela já tinha pronta a reportagem que fora buscar. Carolina se tornaria, logo depois, a primeira favelada brasileira a escrever e a publicar uma obra literária. Aos 80 anos, o grande repórter volta à juventude para refletir sobre o seu legado e ajudar as novas gerações de jornalistas e de leitores a pensar sobre a enorme tarefa de contar a história cotidiana de sua época”.
Audálio Dantas foi premiado pela ONU por sua série de reportagens sobre o Nordeste brasileiro publicada na extinta revista Realidade. Também foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo à época do assassinato, pela ditadura militar, do jornalista Vladimir Herzog, foi o primeiro presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e deputado federal.
Sua obra reúne reflexões importantes sobre o reportar, indispensável a todo jornalista que busque aprimorar sua escrita e apuração. Combate o jornalismo de cadeira preguiçoso que ganhou força com a Internet, principalmente as redes sociais, e apresenta a fonte como ela tem que ser, não um personagem detentor de algumas aspas, mas um ser humano com história e sentimento para contar.
Ler “Tempo de Reportagem: histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro” me dá saudade de um tempo que não vivi, onde os jornalistas saíam às ruas para caçar notícias, desvendar as mazelas e tristezas alheias, encontrar casos reais comoventes – não para puro entretenimento –, falar sem firulas com franqueza; repórter estilo olho no olho. É um livro que incomoda, causa indignação, angustia e também nos faz sonhar e buscar a transformação do Jornalismo e da sociedade.
Chorei ao ler “Diário de uma favelada: a reportagem que não terminou”, “Nossos desamados irmãos loucos”, “A nova guerra de Canudos”, “Doença de Menino” e “Povo Caranguejo”. Mas também dei boas risadas e me emocionei com o final da reportagem sobre a “A maratona do Beijo” e o “O circo do desespero”. É assim, um misto de emoções!
Tive a oportunidade de conhecer Audálio Dantas, homem de muita coragem, olhar doce e generoso e voz firme e decidida de quem sabe o que busca. Instinto nato de jornalista fuçador é a tradução exata de um ótimo jornalista, pois reúne qualidades que todo bom escrevinhador quer e precisa ter para apurar os fatos. Um exemplo de militante sindical e social, que nos acolhe com suas escritas ágeis, comoventes e intrigantes. Seus outros livros já estão na minha lista de leitura para 2014.
Lançado pela editora Leya “Tempo de Reportagem: histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro” é prefaciado pelo jornalista Fernando Morais e conta com contribuições de Ricardo Kotscho, Samir Curi Mesani e Eliane Brum que nos brindam com uma entrevista com esse mestre da narrativa. O livro é composto por:
- Diário de uma favelada: a reportagem que não terminou
- O circo do desespero
- Nossos desamados irmãos loucos
- A nova guerra de Canudos
- Oh, Minas Gerais!
- Doença de Menino
- Povo Caranguejo
- Chile 70
- Oh! Canadá!
- Joaquim Salário-Mínimo
- O prédio
- À margem
- A maratona do Beijo
Apêndice
- Prefácio da 1ª edição do livro “O circo do desespero” – Ricardo Kotscho
- Os contos das coisas acontecidas – Samir Curi Meserani
- O monumento anda, fala (e depois come dois ovos fritos) – Eliane Brum
Como jornalista, aproveito esse post para “rasgar muitos elogios” e agradecer esse jornalista e exemplo de ser humano. Em minha opinião, “Tempo de Reportagem: histórias que marcaram época no jornalismo brasileiro” é leitura obrigatória para jornalistas e não jornalistas e uma ótima escolha para presentear nesse fim de ano.
Feliz Natal e boa leitura!
2 respostas para “Audálio Dantas resgata o bom jornalismo no livro “Tempo de Reportagem””
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