Ontem à noite zapeando os canais da TV a Cabo resolvi parar na Globo News e assitir o debate no programa Entre Aspas comandado pela jornalista Mônica Waldvogel.
O tema do debate era “Liberdade de Imprensa em Debate: Controles sobre a mídia não constituem censura?”.
Acho interessante o assunto e, para meu desespero, resolvi assitir. (Clique na imagem e confira o vídeo)
Em off com imagens excelentes e comoventes é feito uma retrospectiva da censura no Brasil e em outros países e o texto de pano de fundo diz “Apesar de estar escrita na Constituição de todos os países livres, a liberdade de imprensa ainda é questionada como valor absoluto. No Brasil, o Estadão está amordaçado por uma decisão judicial”.
A discussão inicial gira em torno da proibição do Estadão de publicar reportagens que contenham informações da Operação Faktor, mais conhecida como Boi Barrica. O recurso judicial, que pôs o jornal sob censura, foi apresentado pelo empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB/AP), que está no centro de uma crise política no Congresso.
Vamos então à luta!
Partimos do princípio de que a liberdade de expressão e de imprensa é um direito fundamental e inquestionável para a soberania e democracia brasileira.
No entanto, a jornalista Mônica ao longo do debate fazia várias investidas de que a Confecom quer o controle dos meios de Comunicação. Ela não quer passar por cima da nossa carta maior e baixar a censura no Brasil
Várias vezes ela tentou deturpar o debate dizendo que não existe informação/legislação clara sobre livre expressão do pensamento e da honra, da individualidade, da honra etc; por isso, alguns setores – leia-se movimentos sociais – querem aproveitar a brecha pra cercar os veículos de Comunicação e impor suas regras. Quem somos nós pra impor regras para as famiglias Marinho (Globo), Frias (Folha de São Paulo), Civita (Abril), Abravanel (SBT), Mesquita (Estado de São Paulo), Saad (Bandeirantes) e a Igreja Universal (Record), que controlam mais de 80% de tudo que é visto, lido ou escutado através dos meios de comunicação no Brasil. Elas produzem praticamente tudo que chega aos nosso olhos e ouvidos.
A Comunicação é um dos negócios mais rentáveis do mundo, por isso, o debate não era para discutir a liberdade de imprensa e de expressão com qualidade informativa, responsável e cidadã. Era pra acusar os movimentos sociais impor censura!
Em algum momento do debate a conversa foi levada a questionar o que é controle público e social e dizer que “trocando em miúdos” ele quer dizer censura.
Do que a Globo e et caverna tem medo? Do movimento social tentar calar sua “voz democrática”. Vocês querem mais liberdade. A tal liberdade absoluta? Tenha dó, PelAmorDeDeus!
Queremos e precisamos discutir a informação e a produção de conteúdo com qualidade, ética e cidadão, não apenas a censura.
Qual é a pauta ora bolas!
O que está em pauta são os grandes conglomerados de Comunicação, que controlam toda as informações que chegam nas casas dos brasileiros. Isso o empresariado não quer discutir. Daí a conversa de “controle = censura” fica fácil de levar quando não queremos discutir os valores jornalísticos éticos e cidadãos.
A liberdade de expressão e de manifestação de pensamento e artística é um direito de todos. E deve ser defendida pelos jornalistas, empresariado e sociedade civil. É indiscutível. Vamos avançar neste debate!
Vamos colocar em pauta que a sociedade precisa ter acesso a todos os meios, formatos e conteúdos informativos para tirar suas próprias conclusões sozinhas, sem ajuda dos editoriais. E também não abrimos mão de sermos contra o monopólio das empresas de Comunicação, que querem ter o direito de liberdade de informar somente aquilo que elas querem ou acham que os brasileiros precisam saber.
Escamotear, deturpar, ou omitir informação não tem nada a ver com liberdade de expressão ou de imprensa. Ou tem?
Pérae…. pérae… pérae…. Já que estamos falando de liberdade. Vamos ao menos garantir o direito à fala do Schröder (vice presidente da Fenaj), que inúmeras vezes foi interrompido secamente pela colega jornalista, sem ao menos concluir sua fala, muito menos seu raciocínio.
Liberdade de quem mesmo?
A Confecom não a intenção de propor ações de censura ou de cerceamento da manifestação da expressão ou informação. Mas a censura acontece por diversos motivos. E os grandes vilões são as falhas na legislação brasileira que está ultrapassada e até mesmo a interpretação dessa mesma legislação. Além dos jogos políticos e/ou de poder existentes em nossa sociedade. Mas não podemos fazer desta discussão um bode expiatório para desqualificarmos a Confecom ou reduzir sua importância apenas à discussão do controle social. Em nenhum lugar está escrito que a Confecom quer baixar a censura patrocinada pelo governo Lula.
Mais uma vez a Globo cumpriu seu papel de dar apenas a sua versão dos fatos achando que, isso sim, é que é debate de fato.
Lamento muito que essa ofensiva tenha partido de uma colega jornalista, tão competente e respeitada como a Mônica Waldvogel.
É de dar pena a “hiperinvestida” da Globo de constantemente se posicionar contrária ao governo Lula, alfinetando a Confecom, colocando na berlinda a jornalista – e os valores éticos e jornalísticos de sempre buscar trazer à tona todas as versões dos fatos, aprendidos nos bancos universitários – e pondo em cheque a credibilidade da noticia produzida por esta empresa.
Participaram desta palhaçada chamada debate Roberto Dias, Prof. Direito Constitucional PUC/SP e Ricardo Gandour, Diretor de Conteúdo do Estadão.
A questão principal que ficou para ser respondida no final do programa era: o que é a censura e como garantir a liberdade de expressão?
Eu deixo a minha: A quem a Globo está enganando com esse discurso melindroso?
Perdoe minha indisposição:
Desculpe não conseguir organizar muito bem minha linha de raciocino ou não escolher bem as palavras. É que ontem não dormir muito bem e acordei pior ainda devido a este debate que ficou atravessado em minha garganta.
E nesses 15 minutinhos que me restam de almoço resolvi produzir um texto rápido para não deixar em branco essa indignação.
Desculpe pela falta de tato!